Somos todos Tupy, flauta em pé, habitados pelo Avá, o Espírito, a luz que tem sua morada no coração. O corpo som – luz de Ser.

Em praticamente todas as antigas tradições espirituais do planeta, do hinduísmo ao cristianismo, do islamismo ao judaísmo, do sufismo às tradições nativas, do budismo ao candomblé, encontramos referências sobre nossa natureza de canto e Luz. Hoje, nos laboratórios de Física quântica, nos aceleradores de partículas, verificamos que a natureza da partícula é um filamento vibratório, laços vibrantes, que se atraem por ressonância. Somos vibração em origem e essência. Encontramo-nos por ressonância nas dimensões de nós mesmos, da célula, do neuropeptídio que encontra sua chave por vibração, ao encontro com o outro. Nada Brahma, tudo é som. Sendo essa a nossa natureza, podemos nos considerar um padrão de energia, partículas subatômicas que carregam a informação de quem somos, a partícula da consciência que chamamos de Alma, como diz Amit Goswami em seu livro A Física da Alma, e que, conduzida pelo Espírito, o sopro, traz essa informação para dentro de nós. Pelo corpo, no pulsar da respiração, o sopro transforma-se em som e encontra no Canto uma possibilidade para a Alma se revelar e se manifestar na densidade da matéria.

Isso é o que, talvez, viemos realizar por meio desse corpo que generosamente nos recebe, nesse tempo, nesse contexto, pois o cantar, como o sentido da vida, acontece no instante, enquanto somos. Sendo assim, o sentido dessa existência está em fazer brilhar nosso canto-luz aqui, na dimensão humana.

Nesse sentido, o cantar cura. Posso afirmar pela minha própria experiência. Quando canto, me torno canção, reconheço minha poesia e minha verdade-beleza, o sentido de estar aqui. Minha cura se tornou meu propósito que, no meu caso é possibilitar o espaço para que o canto de cada um brote e se manifeste a partir do encontro consigo mesmo. A cura e o propósito dizem respeito a todos, pois todos são luz e canto e, em sendo, cada um revela-se em uma canção única que pode se expressar de diferentes formas.

Aqui, o Canto se apresenta como um caminho espiritual, abrindo as portas para outros níveis de percepção, ampliando a consciência de si mesmo, possibilitando que cada um brilhe em seu próprio canto e que, ao cantar, ressoe e irradie sua beleza original e irretocável.

E por isso acredito que quando cada um puder, na dimensão humana, brilhar em sua própria luz, vibrar e soar a informação da sua Alma, ninguém mais se sentirá sozinho, ameaçado, desprotegido. Não desejará calar vozes ou cantar pela voz do outro. O medo, a raiva, a violência ou a crueldade não terão mais espaço. A humanidade alcançará outro patamar, se encontrará em outra frequência. E nesse momento, o encontro entre luzes e cantos acontecerá e cada um com seu brilho irá compor uma canção maior que irradiará a luz do amor que a tudo permeia, em benefício de todos, para todos, por todos e com todos os seres.

Das estrelas viemos, para as estrelas voltaremos tendo realizado, na dimensão humana, como humanos, nosso propósito nessa terra.

 

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